'Vermelho Amargo' revela uma face diferente do escritor Bartolomeu Campos de Queirós, e o insere definitivamente na literatura brasileira, para além de classificações. Um narrador em primeira pessoa revisita a dolorosa infância, marcada pela ausência da mãe substituída por uma madrasta indiferente. Veem-se os irmãos - filhos de um pai que não larga o álcool e de uma madrasta que serve em todas as refeições fatias cada vez mais finas de tomate - desenvolverem diversas anomalias para tentar suprir a ausência de afeto e a saudade da mãe: um come vidro, a outra não larga as agulhas e o ponto cruz. Numa espécie de contagem regressiva, o narrador observa seus irmãos mais velhos irem embora de casa. A prosa memorialística vale a pena, no entanto: afinal, esquecer é desexistir, é não ter havido.