A Ética Intercultural, que tem sua origem na América Latina e que será debatida neste livro, representa uma proposta teórica que nasce, na maior parte das vezes, no diálogo com os filósofos como Enrique Dussel, Raúl Fornet-Betancourt, Rodolfo Kusch, Sírio López Velasco, Maliandi, Arturo A.Roig, Dina Picotti, Juan Carlos Scannone, Antonio Sidekum e outros. A leitura, a análise e a re-elaboração de suas teses teóricas e categorias, consideradas pertinentes para a elaboração do argumento deste livro, é de responsabilidade exclusiva do autor. No entanto, ela não é apenas uma proposta teórico-acadêmica, porque se vincula profundamente às convicções humanas fundamentais, presentes na vida de nossos povos e nos filósofos mencionados, constituindo o horizonte do mundo da vida. Tais convicções conformam parte da valorização reflexiva e crítica, a partir do pensar filosófico, das formas de saberes e de práxis inerentes aos processos de emancipação e de lutas histórico-culturais, permanentemente presentes nessa América indígena, negra e mestiça. Trata-se, então, de estabelecer as condições de diálogo ou polilogos intercultural. A Ética intercultural refere-se às enormes transformações sócio-culturais, refletidas na linguagem cotidiana sob expressões de crise moral, relativismo moral e individualismo. Em termos mais específicos, ela se relaciona ao amplo complexo debate filosófico atual sobre o sentido da vida em comum, onde se constatam transformações relevantes dos âmbitos valorativos e normativos das sociedades pluricêntricas modernas, particularmente das que conhecemos mais: as européias e as da América Latina.