A reunião destes textos que têm por mote as tão debatidas escritas de si evidencia o longo fôlego das pesquisas que Eurídice Figueiredo tem levado a cabo sobre este tema pulsante e irrequieto. Pulsante porque, por um lado, mobiliza o leitor em razão da identificação gerada pela presença de elementos biográficos ou supostamente biográficos nas narrativas; por outro lado, o tema é irrequieto pois sua teorização está em constante movimento, agregando definições e delimitações do campo que se complementam, sobrepõem e, não raro, também se opõem. A nebulosa presente no título do livro aparece nominalmente no artigo teórico que dá o tom para os demais, A autoficção e o romance contemporâneo: tal como uma nuvem de poeira cósmica, as definições sobre as modalidades e implicações do gesto (auto)biográfico, para empregarmos a expressão da autora, são difusas e difíceis de apreender. [...]