Ed é um garoto muito inteligente e curioso, mas menos valente do que gostaria. Ele está de férias na casa dos avós, em Vassouras, onde costuma gastar as tardes jogando pelada ou participando dos campeonatos de cuspe a distância. Ir para os lados da estrada de terra é proibido. Assim como é proibido indagar sobre quem é Coxo, o velho de pés tortos, cego e com cicatrizes profundas que fazem dele uma mistura de Coringa com Duas Caras. Naquele verão, porém, a curiosidade de Ed está mais aguçada do que o normal. E uma sequência de acasos faz com que fique ainda mais incontrolável o desejo de desvendar os segredos que parecem rondar a cidade. Quem é Coxo, afinal? É verdade que cometeu um crime no passado? Quem é a mulher lindíssima que ajuda Ed a se levantar de um tombo, e que mora no casarão amarelo misterioso? Logo a argúcia e as investigações do garoto vão fazê-lo desconfiar que muito daquele mistério aponta, surpreendentemente, para sua própria família. Há algo no passado de seu avô, que a tristeza de sua avó não consegue de todo esconder. Há muito a descobrir e parte dessas descobertas podem apontar para fatos dolorosos e trágicos do passado. Com uma trama que deixa o fôlego do leitor em suspenso da primeira até a última linha, Cabra-cega é um delicioso thriller à brasileira. E é, também, um romance de formação. Romance breve, voltado ao público infantojuvenil, que resgata o melhor da tradição ficcional brasileira em retratar as peripécias de jovens experimentando a transformação do amadurecimento. Envolto em reviravoltas e em revelações, Ed acaba se deparando com o fato de que a vida não é exatamente um embate entre o bem e o mal. E que as pessoas e relações nem sempre cumprem o roteiro que haviam planejado.