Este pequeno-grande livro comunica que Betinho continua, transvivenciando aquele novembro de 1935, ao sair do útero quentinho da Dona Maria, e muito além de agosto de 1997, quando seu corpo deu o último suspiro. Quem são os "evangelistas" dessa notícia solar? Não são anjos, nem santos, nem profetas. Somos nós, seus amigos e amigas "de copo e de cruz". Ateus, judeus, cristãos, orientalistas, agnósticos. Românticos e ultra-realistas. Artistas e cientistas. Inconformados e falíveis, todos. Mas o primeiro arauto dessa ressurreição é o próprio Betinho, com a carta que escreveu à sua sempre amada Maria, já com a extra-lucidez e a suprema liberdade dos que se sabem perto do fim. Com esta consciência de ser finito e ultrapassável, Betinho assinalou o que fica para sempre: um sentido para a vida, o ideal de deixar o mundo um pouquinho melhor do que quando nele entramos. Atenção, leitor(a): você não tem em mãos a biografia de um admirável homem público, escrita por duas dezenas de autores famosos. O que você vai ler é uma sacudidela na tentação da vidinha frouxa, ensimesmada. Pois Betinho soube ser um louco-manso, heroicamente mortal, semeador de utopias. Ele continua em todos nós, estreitos e amplos nós.