O poeta definirá a quantidade de desconhecido que em sua época desperta na alma universal, afirmou Rimbaud, em sua Carta do vidente. Isso por que a linguagem é o que organiza e separa tudo aquilo que pode ser reconhecido. Nomear é dar a ver, é retirar algo de sua invisibilidade. A poesia, experimentação por excelência da linguagem, faz emergir o insólito, o insuspeito, o que antes se mantinha em silêncio. Os sentidos se alteram, o mundo acompanha, dançando, girando. Nessa chave, Mariana Varela opera recortes estéticos e políticos: que novos sentidos são descobertos ao abrirmos as frestas que há em cada palavra? Quais de nossas perversões são escancaradas ao rasgarmos o antigo véu da linguagem? Assim, fragmentos, memórias, ruas, mapas, canções, amores perdidos, guerras, nações, ruinas, feitiços tudo parece compor uma dança, uma constante metamorfose da condição humana, demasiadamente humana. O leitor encontrará, neste livro, múltiplos espaços por onde adentrar. A dinâmica dos(...)