O livro que o leitor tem agora em mãos é uma tentativa de tratar a teoria da fundamentação da ação clínica como uma teoria dos paradoxos, ou seja, como uma teoria da impossibilidade da prescrição dos atos. Esta é uma leitura que temos que reconhecer como original e contributiva, não apenas ao tema específico do ato analítico, mas ao terreno mesmo no qual se inclui. O gênero inexistente da teoria da técnica encontraria aqui seu sucedâneo lacaniano, homólogo em função, radicalmente subversivo em intenção. Para que o leitor tenha em mente a dificuldade e originalidade da proposta se trataria de algo assim como um Manual Impossível da Arte de Cometer Atos Falhos. A reconstrução clara do caminho lógico feito por Lacan desde a teoria dos conjuntos até o uso do grupo de Klein, para definir o ato analítico, conjuga-se à redescoberta da insistência ética da noção de ato. Mas este não é um livro apenas descritivo, possui a ambição de propor uma solução possível para um bom problema legado por Lacan. É um livro que tem o tom de uma nova época dentro dos estudos lacanianos.