A Carne é um livro de exaltação, um hino dionisíaco ao prazer. Adjetivos como obsceno, indecente, grosseiro e depravado não faltaram para qualificar A Carne, lançado em 1888, atraindo a ira dos críticos e provocando escândalo na sociedade. Fiel a suas ideias republicanas, avesso aos '' batinas'', como se referia à igreja, com perspicácia para perceber a falência moral do fim do século XIX, retratada pelo comportamento de seus personagens, e a redefinição dos papéis de gênero, Júlio Ribeiro é até hoje um autor controvertido, mais valorizado como gramático do que como escritor. Todavia, inova na literatura brasileira, recusando-se a criar mais uma heroína tradicional, e atribuindo a Lenita, sua protagonista, papel ativo diante de sua própria feminilidade.