E assim passam-se dias desanimados. Já em casa, com Cristina em volta, a mão amiga estendida, sempre à espreita da depressão, eles conversam neste fim de tarde. Lembram-se do passado, dos dias que, num desfile silencioso, trouxeram momentos felizes nos quase quarenta anos, sempre compartilhados. Recordam o primeiro encontro, o primeiro beijo, o primeiro baile. Pendurados no trapézio da memória, ficam a se balançar nas lembranças dos dois estirados ao sol, envoltos pela brancura da espuma do mar de Cancún, de Ibiza, da Praia Mansa, até mesmo de Lagoinha, Ipioca ou San Andrés. Depois, não falam mais; deixam o silêncio envolvê-los, enquanto lá fora o luar desenha um rastro lácteo pelo Guaíba.