A maioria das pessoas que inaugura sua vida profissional já encontra estruturados o espaço e a função nos quais vai se inserir. No caso de Mariza e Sara, entretanto, foi diferente. Pelo que se depreende desse precioso depoimento aqui relatado com muita garra, elas tiveram que inventar o seu lugar no Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Apesar de imprescindível, ele ainda não existia num complexo hospitalar daquela grandeza. A ciência da repercussão do sofrimento físico no equilíbrio emocional de todos os implicados nessa dinâmica é indispensável ao processo de cura. As autoras souberam construir e instalar esse campo de afetos (feliz nomeação que dá título à obra) dentro do manejo técnico-científico que já se operava naquela instituição. A façanha maior foi aliciar os descrentes, entre as famílias dos pacientes e o corpo de funcionários, e fazê-los participar da militância político-assistencial que dependia da adesão de todos. Orquestrar a relação médico-paciente integrada à inserção da família no processo de restabelecimento, essa liga na qual o amor, traduzido em dedicação e sensibilidade, opera milagres, foi o ingrediente fundamental deste trabalho a quatro mãos. Trabalho esse que veio costurar todos os elementos já presentes num esforço no qual o humanismo sobressai na base de todo o resto. Rachel Sztajnberg Membro titular da Sociedade de Psicanálise da Cidade do Rio de Janeiro.