O que a prática do psicanalista não cessa de lembrar é que a mestiçagem de substâncias tão heterogêneas quanto o são a materialidade do corpo humano, a imagem que dele se tem e o verbo nele enxertado institui entre corpo, imaginário e palavra uma nodulação, cujo caráter problemático se traduz pelo sofrimento a que chamamos de sintoma. À luz desse ensinamento cotidiano concedido ao psicanalista, Alain Didier-Weill interroga as relações existentes entre a arte e a psicanálise, valendo-se, sobretudo, das incidências do ensino de Jacques Lacan sobre a função do real na estruturação do psiquismo humano. Entre os efeitos clínicos que aborda, com ênfases distintas na concepção freudiana de sublimação, nos tempos necessários à subjetivação e no circuito pulsional, destaca-se a elaboração de como se pode assumir o reconhecimento de que, não sendo senhores da palavra, somos instituídos pelo que dizemos.