Ela não pediu esse silêncio. Mas também nada fez para defender-se dele ou dominá-lo. Quando entrou, a casa tinha-se calado de repente, as coisas dele tinham mudado de lugar, desaparecido, e não importava que tivesse sido ela própria a escondê-las, devéspera, na arca das lãs que só voltaria a abrir no inverno. Ela não quis conhecer esse silêncio. Soube apenas que não voltaria a ouvir a voz dele no espelho do seu quarto - a outra voz. Sentou-se no chão e abriu um pequeno livro de capa azul. Naquele fim de tarde, só mesmo os livros podiam dizer algo mais do que o silêncio - essa outra voz.