Aborda espetacularmente a passagem da política ao seu estágio que, tentando justamente ir de Guy Debord a Baudrillard, poderíamos chamar de hiperespetacular, quando a visibilidade substitui a transparência como mito fundador da racionalidade pública, e a "estrela" toma o lugar do administrador em nome do valor máximo desta época: a fama. Ao analisar a trajetória de Schwarzenegger, o autor mostra como as eleições se tornaram imensos reality shows. Qual o papel de um governante? Encontrar soluções para os problemas da sociedade ou servir de símbolo, como em certas culturas ditas primitivas, para fazer rir ou simplesmente encarnar uma referência destituída de conteúdo real? A "massa" é incapaz de separar ficção e realidade, a vida nas telas e o telos na vida? O tema é inquietante. O tratamento que lhe dá Susca é original e impiedoso. O fenômeno do telepopulismo avança em paralelo ao tele-evangelismo. Coincidência ou continuidade? Por que a pregação fácil e racionalmente insustentável consegue abrir tantas brechas no trabalho da escola como formadora de cidadãos capazes de fazer escolhas racionais e sustentadas? Retornamos às questões eternas da teoria da comunicação de massa: o que a mídia faz de nós? O que fazemos com a mídia?