Os asfaltos estão rachando, reclamando por outras rodas. Pessoas vão de sungas e biquínis até o centro da cidade e inauguram o mar da cidade sem mar. Deixaram um casarão às moscas e ele foi ocupado por jovens. Há uma artista plástica vestindo árvores com tricô, e grafites contornam o concreto cinza com cores vibrantes. E diante de uma cidade de pele arrepiada, qual o motivo de fazer teatro se não for para que ele habite a linguagem do tempo, as novas formas de viver a paisagem, de acordar a cidade? Um teatro tece-se neste contexto e, em 2012, nasce um dos projetos de maior relevância para a produção teatral contemporânea de Belo Horizonte: o Janela de Dramaturgia. A rápida consolidação do evento revelou a urgência por um espaço consistente para a reflexão da relação entre teatro e dramaturgia e, já em sua primeira edição, um público sedento por uma fina escuta se reuniu em torno de vozes na forma de escrita dramatúrgica.