Ser ou estar na periferia? Qual a relação entre centro e periferia? Existe uma localização para a periferia ou ela pode se tornar centro dependendo do ponto de vista? São algumas dessas perguntas que norteiam a oitava edição da 'Revista Sexta Feira - Antropologia, Artes e Humanidades'. Por meio de artigos, ensaios, entrevistas, debates, poemas, prosas, canções e imagens, este número busca cartografar a diversidade do tema Periferia a partir de uma leitura interdisciplinar. Os textos apresentados nesta edição falam de territórios delimitados (bairros, regiões, países, etc.), redes de sociabilidade ("manos", "boys", "galeras da zona leste" etc.), práticas culturais e políticas públicas. Nessas diferentes abordagens, "ser" da periferia - palavra que vem do grego peri, "em volta de" - pode estar associado tanto a um processo de sujeição quanto de subjetivação. No primeiro caso, significa ser objeto de políticas públicas precárias, de práticas assistencialistas ou clientelistas, sem contar nas imagens estigmatizadoras criadas pela mídia, pela literatura e pelo cinema que olham a periferia de fora e de cima. No segundo caso, significa assumir-se como sujeito de discursos e práticas, recobrando uma posição central. De um lado, políticas públicas, organizações e mídia podem operar como canais maximizadores de criatividade, produtividade e novidade, subvertendo o vetor da sujeição. De outro, no entanto, discursos e práticas reativas podem verter em violência e destruição, inclusive se apropriando de códigos do aparelho de Estado, como no crime organizado. A 'Sexta Feira' número 8 traz entrevistas inéditas com o cineasta João Moreira Salles, com o antropólogo José Guilherme Magnani, coordenador do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo (USP) e com a antropóloga Berta Becker, professora emérita na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Publica também um debate que foi organizado especialmente para esta edição sobre Pobreza e Criminalidade, que contou com a presença do cientista político Eduardo Marques, da socióloga Vera da Silva Telles e das antropólogas Paula Miraglia e Maria Lúcia Montes. Traz ainda artigos de Hermano Viana, Antonio Lancetti, Gustavo Lins Ribeiro entre outros. Toda a revista é perpassada por textos literários, poemas e canções, organizados pelo jornalista e escritor Bruno Zeni. Além disso, a publicação é ilustrada por um ensaio fotográfico da artista Lúcia Loeb.