Babel, o novo livro de poesia de Álvaro Alves de Faria, foi inspirado na escultura Torre de Babel, de Valdir Rocha. São 50 poemas que foram escritos a partir de 2004, quando o poeta viu a escultura pela primeira vez e escreveu um poema sobre a obra que, com o tempo, acabou transformando-se no livro agora lançado pela Escrituras Editora. Por várias vezes o poeta analisou a escultura para escrever tendo também por base mais de cem fotografias da Torre de Babel. No final, como afirma Alves, Babel representa um livro manifesto em relação à poesia produzida atualmente no Brasil. Conhecido por ser um poeta e um jornalista cultural combativo, Álvaro expõe, em 50 poemas, o que pensa da poesia e do poema, em uma terra que - como ele diz - vive de equívocos literários, descontadas as raras exceções, especialmente no que diz respeito à poesia. Ele observa que Babel, no fundo, "é seu rompimento com a poesia. Depois deste livro quero ser chamado de ex-poeta", diz, assegurando que "não há por que persistir na poesia diante da cena literária brasileira, especialmente em relação à poesia, que mais parece um circo mambembe, daqueles que chegam a envergonhar até os palhaços de terceira categoria". Por este motivo, optou por publicar livros de poesia em Portugal, onde, ao seu ver, "a poesia é respeitada e levada a sério, distante da inconseqüência brasileira que, infelizmente, não atinge somente a Literatura, mas praticamente tudo". O poeta faz questão de dizer: "Sei que a decisão de optar por ser um ex-poeta nada significará na poesia deste País, será um fato sem nenhuma importância. E é exatamente assim que tem que ser. De qualquer maneira, fugir da mediocridade é uma atitude que me deixa mais leve e mais livre". Álvaro diz ainda que esse sentimento explodiu de vez ao ver a escultura de Valdir Rocha, com suas cabeças violentadas, umas sobre as outras, em um grito que chegou à alucinação: "A poesia estava ali, estava clara, inteira, dolorosa, dolorida. Eu apenas escrevi os poemas".