Neste romance, dividido em 35 episódios, Plínio Cabral realiza um projeto que vem alimentando há muito tempo: escrever a história de certas partes do corpo que adquirem vida independente. Recordações de um Olho Torto conta a história de Almerindo, que já nasceu com dificuldade de ver. "Trata-se da vida de um homem simples, que olha tudo ao seu redor torto, o que causa confusões cômicas, mas bem verdadeiras", explica Plínio Cabral. Almerindo cresceu isolado pelas irmãs e repelido pela mãe. O pai era indiferente quanto a sua existência. Apesar do descaso familiar, o autor não usa de uma narração com apelo dramático para contar essa história, mas recorre a traços de humor como, por exemplo, na passagem em que a mãe sonha que o menino torto, montado num burro, cai de um precipício. Ela acorda assustada, preocupada com o burro, porque com o menino tudo bem, mas sem o burro como iria trabalhar? O humor se sustenta durante toda a trama, pois segundo o próprio Plínio Cabral, "a tragédia nacional também tem seu tom cômico". Com um sensacional epílogo, este romance deve ser lido e pode ser considerado como o mais irônico e nítido retrato da sociedade brasileira atual.