Gilberto Freyre, ao lado de Sérgio Buarque de Holanda, foi talvez quem mais contribuiu para a problematização de um tema que sempre ocupou posição destacada no debate nacional: a questão da nossa identidade. Quem é o brasileiro? O fruto de "três raças tristes"? O homem cordial? O hipersexualizado? O preguiçoso, o do "jeitinho", aquele que é "antes de tudo um forte"? Ou o camaleão macunaímico? Escrevendo numa época em que teorias racistas e misóginas pululavam no debate acadêmico e, no Brasil, reforçavam-se correntes que defendiam o embranquecimento da população como condição para o seu desenvolvimento civilizatório, o Mestre de Apipucos foi um dos primeiros a postular os aspectos positivos da miscigenação e a lamentar a pouca participação pública da mulher na construção da sociedade brasileira. Neste livro, Helena Bocayuva não se esquivou de recorrer à biografia de Freyre - numa decisão corajosa, que foge dos padrões acadêmicos - para contextualizar o pensamento do sociólogo pernambucano em relação a sua origem social, formação acadêmica, influências intelectuais, vivências etc. Focando principalmente o mito (?) da hipersexualidade do brasileiro, Helena Bocayuva se debruça sobre a obra de Gilberto Freyre com uma rara combinação de rigor científico e paixão pelo tema. É o que torna Erotismo à Brasileira leitura não apenas esclarecedora, mas também prazerosa em si mesma.