Esta obra é a socialização das reflexões apresentadas na Semana de Estudos Teológicos, realizada de 12 a 15 de setembro de 2005 na Faculdade de Teologia (FaTeo) da Universidade Metodista de São Paulo. Evidencia-se com este trabalho um momento relevante de pesquisa na área de Teologia Pastoral - Ciências Humanas e Sociais - na especificidade da Pastoral Urbana. Buscou-se, ainda, na Semana, uma inovação na configuração desse evento ao transformá-lo no Congresso Acadêmico Internacional. Isso foi possível graças à união de esforços da Universidade Metodista de São Paulo, da Faculdade de Teologia (Curso de Teologia e Núcleo de Estudos e Pesquisas para Ação Missionária/Nepam), do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião e da Cátedra Gestão de Cidades da Faculdade de Ciências Administrativas da Universidade. A realização do Congresso Acadêmico Internacional representa para a FaTeo e para a Universidade Metodista de São Paulo um marco significativo na discussão da Pastoral Urbana. Os textos a seguir traduzem o olhar diferenciado dos vários continentes e possibilitam um espaço de reflexão acadêmica que envolve professores e pesquisadores dos campos da Teologia e das Ciências da Religião dos hemisférios Norte e Sul e outras lideranças acadêmicas interessadas nos fenômenos urbanos contemporâneos, seus desafios e influências em relação às igrejas cristãs. Busca-se tornar possível a partilha de reflexões e estudos sobre a prática e a imagem pública da Igreja. O resultado da semana de estudos está expresso nos textos que compõem o livro, não como uma experiência acabada, pelo contrário, constitui processos reflexivos na caminhada que objetiva uma construção do pensamento teológico na área da Pastoral Urbana. A ordem dos textos segue a seqüência de apresentações no evento. O primeiro, apresentado na abertura do Congresso, é de autoria de Jung Mo Sung, que discutiu, em três partes, o tema A Presença Pública da Igreja no Espaço Urbano: algumas idéias sobre a questão urbana; o tema do público e privado; e o desafio da presença pública da Igreja hoje. O segundo texto, Dias melhores virão: tempos do refrigério e tempos da restauração, de Clovis Pinto de Castro, propõe uma leitura cuidadosa da Oração pela Cidade, de Walter Rauschenbush (1910), e sugere cinco categorias de análise: a cidade como espaço da produção material da vida; a cidade como lugar da manifestação da singularidade; a cidade como espaço da reunião dos cidadãos e cidadãs em projetos comuns; a cidade como espaço da manifestação objetiva da justiça; e a cidade como espaço da expressão religiosa. O terceiro texto sobre Culturas urbanas e globalização: do relacional ao transcendental, de José Machado Paes, debate as implicações do tema no conjunto vasto de tensões: entre o local e o global; o público e privado; a homogeneização e a hegemonização; as reproduções massificadas da cultura e as inovações de "margem"; os impulsos da homogeneização do lado da oferta cultural e os da heterogeneização do lado da procura; as lógicas e os processos de criação erudita e a chamada culturas de massas; enfim, tensões entre o próprio e o alheio; o endógeno e o exógeno; o tradicional e o moderno; a norma e a dissidência. Luiz Roberto Alves oferece sua contribuição com o texto Cultura urbana e globalização, no qual destaca o valor da transversalidade da cultura na vida urbana. O estudo sugere o reencontro com as culturas abertas e plurais, entendidas como valor democrático para uma cidade de todos e todas. A quinta palestra foi proferida por Andrew Davey sobre Eclésia e profecia para uma cidade aberta na qual examina as tendências que são prevalecentes na vida pública das cidades, particularmente da perspectiva de Londres. Magali do Nascimento Cunha apresenta sua reflexão com o seguinte tema: Um olhar sobre a presença pública das igrejas evangélicas no Brasil: análise crítica e possibilidades futuras. Na introdução, afirma que a identidade rural do protestantismo no Brasil é dualista. É dessa forma que a dualidade dos dois caminhos se impõe como uma escolha a ser feita: salvação ou perdição. Em uma outra perspectiva, a sul-africana Genevieve Lerina James propõe uma reflexão cujo tema é A prevalência da igreja pentecostal/carismática na cidade, na qual defende que o crescimento desse movimento e o alto nível de urbanização parecem coincidir em cidades através do globo. O presidente do Consórcio de Seminários para a Educação Pastoral Urbana, David J. Frenchak, discute sobre Ministério urbano no século XXI. A abordagem implica em um movimento que entende o ministério urbano e o ministério público como agentes transformadores das comunidades de baixo para cima, o contrário do espírito do império que tenta organizar as comunidades de cima para baixo. O texto de Jorge Henrique Barro sobre O relacionamento da Igreja com a cidade - perspectivas metodológicas e missiológicas -, a partir de Charles van Engen, Joe Holland e Peter Henriot, propõe uma hermenêutica de transformação da realidade. Finalmente, John Vincent conclui a Semana com a palestra A dimensão pública das igrejas: novos desafios. Sua experiência, desde 1970, na Unidade de Teologia Urbana em Sheffield (Inglaterra), tem sido localizar treinamento ministerial e teológico em uma área em meio aos pobres urbanos, para que ambos (corpo docente e alunos) leiam suas bíblias, estudem a tradição, adquiram suas habilidades, desenvolvam seus cultos e pregações, em uma hermenêutica contextualizada. Helmut Renders não proferiu palestra, mas encaminhou a sua contribuição ao evento com o texto Metodismo nascente e espaço urbano: uma relação impactante. O autor procura aprofundar a investigação da presença pública do metodismo nascente em Londres e, parcialmente, em Oxford durante o século XVIII. O comitê organizador, ao optar pela publicação de um livro com esses conteúdos, busca oferecer motivação para novos projetos de pesquisa na área. Agradecemos a todas as pessoas que colaboraram e suas respectivas instituições nesta caminhada de construção da reflexão sobre as questões pastorais em áreas urbanas.