Para além da indiscutível prioridade do equilíbrio financeiro, sem o qual a própria independência das nações se compromete, poderá admitir-se que uma outra prioridade tivesse aconselhado à Ditadura Nacional portuguesa (1926-1933) reformas amplas e imediatas do Ministério dos Negócios Estrangeiros que permitissem dar conhecimento, a nível mundial, de uma renovada vitalidade portuguesa.Sobretudo tendo em vista a garantia de uma continuidade nacional a longo prazo, que transcendesse os regimes políticos. Mas será compreensível que aquela Ditadura, enredada em hesitações, infiltrações e hibridismos, concentrada na preocupação dominante do acerto da contabilidade do Estado e da dívida pública, mobilizada por necessidades prementes de remoção de dificuldades imediatas, a curto prazo, não tenha podido rever, em termos de justificada grandeza, uma acção diplomática da qual haveria a esperar, em larga medida, o completo reconhecimento externo das imensas potencialidades portuguesas, incluindo as económicas, e de todo o grande relevo da posição que cabia a Portugal entre as nações.