A poesia de Josiane Orvatich nos pega à flor da pele. Eram trepadeiras retas subindo no seu nome abre o livro e nos lança num universo feminino suavemente erótico e esplêndido em sensibilidade e agudez. O livro traz versos de uma leveza assustadora, traçando uma espécie de percurso natural em que o amor, o corpo e, por fim, a maternidade afloram com uma facilidade e beleza nada triviais. Nada de experimentalismos nem de superficialidade. Um discurso poético sedutor enlaça o interlocutor silencioso com versos que brotam de uma natureza corpórea atemporal e não localizada que nos levam para os lugares do prazer e da dor perfurando a subjetividade sem (muito) sofrimento: Corriam vastos os pés sob os lençóis \/ E se agarravam breves as mãos ávidas \/ Eram velas em mastros se rasgando ao vento \/ Esticadas e brancas na tempestade. Eram. Eram dias tontos de sol e sorvete. Tudo parece sugerir estados de alma que fruem.