Entre 1970 e 2005, o acontecer da morte no hospital passou de menos de 20% para quase 60% dos que morrem cada ano em Portugal. Daqui parte esta tese de doutoramento em bioética, que lê o fenómeno, não como mera transferência de lugar, mas como uma negação de lugar aos que morrem. A este fenómeno chama o autor deslugarização e, ao hospital, deslugar do morrer. Com o contributo de reconhecidos autores nos domínios da antropologia, sociologia e bioética, interpreta-se a nova realidade, afirma-se a urgência de uma política da morte e propõe-se uma mais profunda abordagem ética das questões fracturantes em torno do morrer humano, uma compreensão do hospital como lugar existencial integral e os cuidados paliativos como reencontro da medicina com a sua matriz humanista e como lugar e instrumento de invenção, na primeira era que a não possui, de uma Ars Moriendi, imprescindível a uma arte de bem viver.