Marco da maturidade filosófica e poética de Drummond, Claro enigma retorna em novo projeto, com posfácio de Mia Couto. E como ficou chato ser moderno. / Agora serei eterno, escreveu Drummond em um poema do livro Fazendeiro do ar, de 1954. Mas esse distanciamento da atitude poética modernista com tudo que ela continha de euforia, rebeldia e otimismo vinha de antes. Mais precisamente, deste Claro enigma, publicado em 1951, quando o autor se aproximava dos 50 anos de idade.Os recursos da poesia moderna passam a conviver com formas fixas, entre elas os sonetos, e com esquemas de rimas e metros clássicos na língua portuguesa, como a redondilha, o decassílabo e o alexandrino. O tom jocoso, muitas vezes presente nos livros anteriores, se torna aqui predominantemente grave e elevado.Como a contradição dos termos no título do livro já sugere, Drummond não buscava um simples retorno à ordem. Um sentido de incompletude, de insolvência, presente em vários poemas, corrói qualquer ilusão de [...]