Estes oito contos de Martim Butcher são de fato outros. Se a literatura brasileira na contemporaneidade tende às histórias identitárias, com seu realismo por vezes bruto e uma reprodução direta da(s) fala(s) popular(es), ou às distopias que figuram no futuro o que se entrevê na atualidade, esta coletânea (re)inaugura uma nova modalidade da escrita. Os narradores de Outros escritos compõem um conjunto cuja unidade, pouco apreensível à primeira leitura, define a qualidade indiscutível desta escrita. Tal unidade relaciona-se à qualidade linguística e às escolhas de estilização da linguagem. Todos os narradores são apaixonados pelas palavras e retiram de limbos vocábulos pouco conhecidos ou termos raros, mesclando-os a formas coloquiais de enunciação. Essa mescla, em si mesma significativa, não é gratuita: ela se articula organicamente à matéria dos contos e dá forma estilística ao que neles configura o sentido do conjunto. Trata-se, antes de qualquer especificidade temática, de(...)