Nos anos 60, o Cinema Novo brasileiro conquistou notoriedade internacional e, na França, ocupou um espaço particular entre os movimentos cinematográficos surgidos naquele período. Uma contribuição decisiva para tal êxito foi a promoção do movimento realizada por alguns críticos de revistas especializadas, entre as quais Cahiers du Cinéma e Positif. Ao atribuir um valor cultural às obras do Cinema Novo, essas publicações propiciaram seu reconhecimento como concepção original de cinema. Este livro mostra como a circulação de idéias construiu um modelo cultural para o Cinema Novo, legitimado por acordos ideológicos preestabelecidos entre os parceiros desse processo, a saber, os cineastas brasileiros e os críticos franceses. Em seguida, analisa como o Cinema Novo, para ser convincente como modelo de cinema social e político conveniente às necessidades da crítica francesa, assumiu papéis determinados pelas estratégias promocinais das revistas, dos quais o principal foi o de substituto do neo-realismo italiano e da nouvelle vague francesa.