Este livro traz um apanhado da produção com gravura em metal de Laurita Salles, abrangendo mais de dez anos de trabalho: desde as pontas-secas de 1984 até seus trabalhos em que as matrizes ganham autonomia transformando-se em objetos que não se instauram em nenhuma categoria clássica, num processo de expansão da sua atividade como gravadora. As obras representam a trajetória da artista até se concentrar num tema pouco comum na arte brasileira: a reflexão da forma como dissolução das coisas. Dessa forma, ao contrário de muitos de seus colegas de geração, também gravadores, Laurita não se interessa propriamente por algo que se constrói, mas pelo que se desagrega ou se instaura como instabilidade. Nas palavras de Maria Alice Milliet, a artista "põe a nu a verdade do processo criador da gravura, livrando-a do ‘preciosismo técnico’ e do ‘intimismo’ a que tem sido confinada por certa crítica". A própria artista escreve para apresentar sua produção inicial, em gravura. Ao contrário dos colegas de geração, ela não se ocupa com algo que se constrói, mas com algo que se desagrega, em estabilidade precária ou franco revolvimento. No livro estão trabalhos da fase inicial da gravadora, em 1984, até 1996, quando suas gravuras e matrizes, convertidas em objetos, passaram a configurar "a expansão e a radicalização de um raciocínio intrinsecamente gráfico", como ela própria definiu.