Toda família tem seus segredos. Por eles, se vive e se morre. Assim, cabe questionar: Sujeitos subjugados por mistérios são de fato sujeitos? A família é promotora da autonomia ou de cumplicidade e silêncio? As teias formadas por tais relações e suas imbricações promovem conforto e segurança ou ameaçam a vida, à medida que envolvem os participantes e os paralisa? Governamos nossas vidas ou elas são apenas reflexos espasmódicos das metas narrativas que se inscrevem em nós, do conjunto de acasos e incidentes que moldam o ser que somos? O modelo binário de existir: certo e errado, sensato e louco, verdade e mentira e as demais dualidades, são suficientes para definir e explicar uma vida? A realidade cabe na fantasia, a fantasia cabe na realidade, elas andam juntas e distantes. De tão ambíguas, fiz da minha vida um refúgio em um mundo sem coração.