O que (ou quem) me impeliu a escrever? A aventurar-me pelos meandros da croniqueta molhada de cotidiano, pelos caminhos-de-lenhador da poesia e pelas veredas da pensata prazeirosa? O que deu em mim para abandonar o corrimão cartesiano e perder-me de teorias bem-comportadas, de citações de boa procedência, de impecáveis notas de rodapé? Dionisos baixou em mim e despi o fardão, apostura professoral e a empostação da voz. Abri minhas velas ao hálito que sopra onde quer - omni-liberdade, omni-beleza, omni-surpresa. Estarei sendo ridículo ao, caleidoscopicamente, revirar os olhos? Impreciso ao cavucar os avessos? Imprudente ao esgueirar-me entre sombras? Ah, sei lá. Tanto faz. Porque não? Pode ser.