Conheci esta poeta em uma feira. Dessas literárias. De repente, lá na balbúrdia, a menina esbarrou em mim. Ela conta, liricamente sobre isto, no final deste livro. À época com dez anos de idade, chegou e me perguntou, quero ser poeta: como faço?. Não me lembro da cara que fiz. Mas devo ter me embananado. Ave nossa! Eta! Por que danado vem essa criatura, deste tamanhinho, querer para si tamanha maldição? A de ter a literatura, desde cedo, como missão. Ou profissão. Não seria mais fácil vender tomates, de repente? Dizem sempre que poesia não vende. Eu digo que a poesia vende, sim, mas não se vende. Não está nem aí para o mercado. Mas o que será que respondi, de fato? Ela garante que eu cheguei para ela e dei a receita. Logo eu, que não sei ferver direito uma água. Hoje, a menina vem e me ensina a ebulição das coisas. Todo fogo, para ela, desde a infância, é bruxaria. Marília Moschkovich cresceu. E com ela, sua poesia. [...]