Hneryk Siewierski conduz o leitor até o longínquo lago Qinghai - um lago salgado onde o autor espera para ver se daquelas águas surge um poema. E ele surge da brincadeira com a palavra, que, polissêmica e intraduzível, está a todo o momento seduzindo autor e leitor, convidando para o jogo. Migrando, imigrando, cruzando territórios e fronteiras, os versos de Henryk vivem no movimento. Parece que é o corpo minguante do migrante que se expande por essas páginas, traçando um percurso singular, conduzindo o leitor por entre memórias, territórios, imagens e reflexões. Nesse percruso, cruzamso Oriente e Ocidente, fotografamos um forte em Lisboa, assistimos uma missa numa igreja gótica de Cracóvia. Percorremos a Grande Muralha, anoitecemos em Salvador, conhecemos os gatos da Margarida. Filosofamos: a invenção da morte é uma forma de multiplicar os vivos. Com um olhar sensível e singular sobre o que nos rodeia e invade, Henryk Siewierski descreve as paisagens áridas, salgadas e terrivelmente belas do mundo e dos corações humanos - e o faz buscando a precisão própria da poesia em seu enfrentamento do que não é preciso.