Ciente da complexidade do tema, Amarildo Trevisan é cauteloso o suficiente para tratar, já na introdução do livro, das “dificuldades na relação entre filosofia e educação” e o “abismo incomunicável” entre ambas. Trata-se, por um lado, da especialização cega da filosofia e, por outro, da empiricização caótica da educação (pedagogia). À filosofia que se especializa cada vez mais na filologia do texto e na análise de argumentos, a questão da educação e da formação humana não constitui um problema propriamente filosófico. Com isso ela se despede apressadamente e nega a sua própria história, de reflexão filosófica sobre a educação. De outra parte, à pedagogia que se atola desordenadamente no mundo empírico e no estudo de casos individuais, desmerece a perspectiva do olhar dirigido ao todo, renunciando cada vez mais a pretensão legítima de refletir sobre os fundamentos de seu próprio saber. Ao renunciar a reflexão sobre seus próprios fundamentos a pedagogia não só se despede apressadamente da filosofia, como enfraquece suas próprias forças, dificultando ainda mais seu reconhecimento profissional e social. Operando com conceitos oriundos de um diálogo crítico atualizado entre duas tradições intelectuais contemporâneas, a Teoria Crítica e a Hermenêutica, Amarildo Trevisan esforça-se numa dupla direção: contribuir para que a filosofia se volte novamente a se debruçar sobre a atualidade; e, para que a pedagogia, por sua vez, possa retomar o pensamento em bases não mais metafísicas. Com isso, a filosofia da educação irá pensar sobre o sentido do processo formativo educacional humano, mantendo viva, deste modo, a reflexão sobre seus próprios fundamentos. Cabe a nós, leitores, avaliar em que termos conceitos nucleares como, entre outros, teoria, prática, reconhecimento, respeito pela diferença e sentimento de indeterminação cumprem a finalidade acima referida.