Do premiado autor de Bartleby e companhia, Montevidéu é um tratado sobre como o real e o imaginário podem se mesclar até o ponto em que se tornam uma coisa só. Um dia irei a Montevidéu e procurarei o quarto do segundo andar no hotel Cervantes, e será uma viagem real ao lugar exato do fantástico, talvez o lugar exato da estranheza, escreve o narrador deste romance, após ler o célebre conto de Julio Cortázar, A porta condenada, em que num quarto de hotel na capital uruguaia uma porta parece separar o mundo real do da ficção. Depois da morte do pai e ao abandonar de vez a literatura, o protagonista deste livro se torna obcecado por imagens de portas e tudo o que carregam como sinais de passagem e trânsito entre realidades distintas. Ao se deslocar por cidades como Paris, Reykjavik, Cascais, St. Gallen e Bogotá, o que busca o narrador, mesmo sem saber, é o impulso necessário para voltar a escrever. Assim, Enrique Vila-Matas nos lança no labirinto de uma espécie de manual de teoria [...]