Ao expressar o poder sem entraves e limites, a razão de Estado oferece uma resposta radical e definitiva à indagação acerca da autonomia e plenitude da ação política. Nos termos da sua lógica de poder, nos períodos de crises e adversidades os interesses do Estado deverão ser garantidos à custa do sacrifício das normas morais e jurídicas, incluindo as atinentes aos direitos humanos. A despeito da importância assumida pela democracia e pelo Estado de direito no cenário político internacional dos últimos 50 anos, a razão de Estado permanece irredutível e inexorável, impondo-se como eterno osbstáculo a ser superado por aqueles que lutam pela derradeira vitória da civilização sobre a barbárie, na dura realidade política. Mas em que pese sua inescapável relevância para a compreensão do fenômeno estatal e da potencial radicalidade das ações governamentais, a temática da razão de Estado tem atraído escassa atenção nos meios acadêmicos. A presente obra propõe-se a oferecer subsídios para a compreensão e o debate em torno da razão de Estado, adotando como referencial o papel pioneiro de Maquiavel na descoberta da nova racionalidade política inerente ao Estado Moderno.