Pelas terras férteis dos cafezais, nos limites de tempo e espaço da expansão cafeeira, revela-se o pequeno vilarejo de Santa Cruz de Monte Castelo, no extremo noroeste do Paraná, onde sobrevivem muitos imigrantes brasileiros e estrangeiros, de tempos recentes e longínquos. Nos sete contos de Terra Roxa, somos conduzidos, como viajantes, ao sertão paranaense de meados do século XX. Ao abrir o livro, deparamo-nos com um ciclo que vai do novo ao velho, do homem à terra, ou vice-versa, desde a migração de famílias para Santa Cruz de Monte Castelo, com o medo da mudança, mas com a esperança de uma vida melhor, até a vivência de homens experientes ante a decadência da terra e do café. Os personagens de Terra Roxa (homens, mulheres, crianças e idosos) vivem uma pluralidade de situações: a doença e o sofrimento, o trabalho árduo, o vício no jogo e na bebida, a criação dos animais, as carências materiais (como a falta dágua), os embates entre religião e espiritualidade (com destaque para o caso noqual certo membro da igreja parecia contrariar os valores da fé que ele mesmo representava) e a incomunicabilidade humana (como ocorre com certo imigrante japonês, solitário, não falante do português e que quase ninguém entendia).