O poema é um texto criado e formatado com palavras, espaços, versos, estrofes, ritmo, som, imagens, discurso e se reveste de aspectos materiais, tangíveis, externos, num suporte que pode ser papel, madeira, plástico, filme, fita magnética, tecido e/ou outros. A poesia extrapola a esfera do material, tangível, envolve o emocional e a sensibilidade por meio das mais diversas linguagens: da moda, da arquitetura, da pintura, da música, das cores, das falas, das escritas, do poema etc. A poesia é tida como uma substância não material, como existência não concreta, como só existindo em outro ser. Portanto, precisa ser identificada, descoberta pelo olho, pelo ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato poéticos. O poeta, no seu mundo lírico, é livre e assim se expressa, sem censura, no seu Éden; a poesia, porém, que pode estar em diversos lugares, ou em todos eles, in natura, essencial, inocente e despida, só pode ser levada ao público, se estiver vestida com roupas próprias e nos suportes já referidos, no formato de poema. Para produzir a obra, o poeta se assume como artista, responsável por vestir e revestir a obra de arte. Ele é um ser social, por isso passa, em princípio, pelo controle de qualidade da sociedade para ser, por todos ou por muitos, validado e aceito por ela.