Durante toda a história da humanidade as mulheres teceram, fiaram, tramaram, urdiram. Teciam a roupinha do bebê e a mortalha do soldado. A própria palavra texto significa tecido. Sou uma fiandeira. Identifico-me com Penélope, a heroína mítica, cuja beleza era mais do caráter e da lealdade que do corpo. Ulisses, o rei da ilha de Ítaca e Penélope haviam se casado, quando tiveram de interromper sua união, em virtude dos acontecimentos que levaram Ulisses à Guerra de Troia. Durante a longa ausência do marido, Penélope foi importunada por inúmeros pretendentes, mas não cedeu. Fiel, lançou mão de todos os recursos para ganhar tempo, esperançosa no regresso de Ulisses. Alegou então que estava empenhada em tecer uma tela para o dossel funerário de Laertes, seu sogro, comprometendo-se em fazer sua escolha entre os pretendentes, quando a obra estivesse pronta. Durante o dia, trabalhava nela, mas, à noite, desfazia o tecido. [...]