Punir, perdoar ou esquecer? Estes têm sido os principais dilemas enfrentados pelo Brasil no confronto de seu passado autoritário. Por mais que o país tenha feito progressos no campo da tutela dos direitos humanos, há muitos claros que ainda não foram preenchidos. A punição dos responsáveis pelos abusos cometidos no contexto da repressão política, por exemplo, é realidade posta por outros países que atravessaram períodos igualmente sombrios. Na verdade, em tempos de universalização dos direitos humanos, não podem os Estados escapar das obrigações assumidas perante a arena internacional. De fato, há um núcleo rígido da dignidade humana que não admite tergiversações. É este justamente o foco de análise da obra Anistia, Justiça e Impunidade. Esquecer o que pouco se conhece em nada contribui para a construção de uma sólida cultura de respeitabilidade dos direitos humanos. O fato é que muito embora o sonho de regresso daqueles que partiram tenha sido materializado, ainda choram, neste solo, as pobres Marias e Clarisses.