A história de Cecília começa antes de seu nascimento, inicia-se nos Açores, onde nasceram seus antepassados. A beleza e o silêncio do mar foram enriquecidos com os mistérios e o lado obscuro da morte revelando uma poesia mística, lírica e serena. Diário de Bordo é o relato de uma viagem marítima, com destino a Portugal, que durou 22 dias. Os textos, em bela prosa, descrevem, inúmeras vezes, o matrimônio entre os mistérios do oceano e os céus enormes, em que procurou captar as constantes mudanças de cor e movimento, conforme as horas do dia, as nuvens, a força e a direção dos ventos.A obra é composta também por ilustrações de Fernando Correia Dias, artista plástico português e marido da poeta, que a acompanhou nessa viagem. As crônicas e ilustrações foram publicadas pelo diário A Nação, sob o título Diário de Bordo.Cecília MeirelesConvidada pelo governo português para proferir uma série de conferências sobre literatura brasileira, a poeta embarca a Lisboa, com o marido, em setembro de 1934. Ela nunca havia atravessado o Atlântico. Ele não voltara à terra natal desde que viera para o Brasil, em 1914. O casal ficou três meses em Portugal, durante os quais Cecília viu-se louvada e acarinhada, como poetisa e como mulher bela e de alta presença. Ao seu lado, Fernando parecia não encontrar espaço no seu torrão, de onde saíra muito estimado como artista e para onde retornava vitorioso, pois fizera no Brasil um grande nome, como renovador das artes gráficas, pintor, caricaturista, ilustrador, decorador, ceramista e escultor.A importância e a enorme influência do artista Correia Dias na formação cultural, literária e plástica de Cecília foi um dos mais marcantes traços de comunhão entre esses dois grandes nomes das artes no Brasil. Foi por intermédio dele que Cecília pôde ser apresentada e incorporou-se às rodas literárias e artísticas da década de 1920 época em que se conheceram, se encantaram e se casaram.