A organização deste livro foi feita a partir de um diálogo frutífero entre cultura e química, ao entrelaçar os conteúdos de duas disciplinas do curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal do Acre: tópicos em culturas e ensino de química, ministrada por docente da área de antropologia, e instrumentação para o ensino de química, ministrada por docente da área de química. O diálogo entre áreas iniciado em 2012 transformou-se em planejamento conjunto em 2013 e 2014. Considerando que não existe apenas uma ciência (a europeia, masculina, branca e sistematizada pelo método científico), mas várias ciências desenvolvidas pelos diversos grupos sociais ao construírem meios de vida em ambientes mais ou menos hostis (ciências multicontinentais, multicoloridas, com variedade de gênero e anárquicas ao método), busca-se o diálogo entre a ciência dos cientistas e as dos povos tradicionais. Na perspectiva de formação de docentes para um ensino de ciências mais humanista, foi solicitado aos licenciandos escrever uma proposta que permitisse aproximar os contextos culturais acrianos com os conteúdos de química trabalhados no ensino médio. Os discentes debruçaram-se na história do Acre e na de suas famílias e resgataram o valor dos conhecimentos que lhes foi ensinado através das gerações. Assim, jovens com origem na floresta e no seringal aceitaram o convite do diálogo de saberes e contam suas histórias e suas experiências. Este livro apresenta, em seus nove capítulos, o diálogo entre áreas de conhecimento, a discussão da formação docente e os trabalhos produzidos pelos discentes da licenciatura em química.