Tendo como pressuposto que a questão das “drogas” foi, desde sua instituição nas sociedades contemporâneas, erigida sob um estatuto medicalizado, este trabalho buscou analisar o debate público atual sobre o tema, por meio de um de seus componentes fundamentais: os discursos médicos. O objeto de análise, além de uma observação geral sobre a abordagem do tema na mídia, foi um conjunto de falas e textos de médicos que ocupam cargos de direção em instituições relacionadas ao uso de “drogas” e vinculadas a duas das maiores escolas de medicina de São Paulo. Com base em alguns recortes temáticos que explicitam as principais controvérsias encontradas como a abrangência do termo “drogas”, a conformação de uma patologia, as suas origens biológicas e as formas de classificação do prazer proporcionado pelo uso , são analisadas algumas das grandes questões da medicina no mundo contemporâneo, como a preservação da vida e o controle dos riscos.