A humanidade não reinventa a roda a cada geração. A construção de modelos para a prática da educação é feita a partir de todo o desenvolvimento conceitual e prático das gerações anteriores. No entanto, a capacidade das novas gerações de tirarem proveito do conhecimento construído pelas gerações que lhes antecederam depende de sua capacidade de recuperar as reflexões realizadas. Em uma sociedade niilista, fortemente pressionada pelo consumo e marcada pela irreflexão, entretanto, tem sido prática não olhar para trás. Além do mais, a reflexão crítica de modo geral se estabelece como obstáculo a interesses mercantilistas. Hoje, corre-se gravemente o risco de perder-se o elo com o que foi produzido de melhor por grandes pensadores da educação. Neste livro, Modelos Educacionais. Tradição, Poder e Tribalismo, o Prof. Dalmo de Souza Amorim revisita o pensamento educacional de dezesseis autores que viveram a partir do final do século XIX - entre eles, John Dewey, Anísio Teixeiro, Abraham Flexner, Alan Bloom, Helio Lourenço de Oliveira, Erick Hobsbawn e Tony Becher. Vários desses pensadores mais recentes estão interligados em sucessão - Anísio Teixeira foi fortemente influenciado por John Dewey, e Anísio Teixeira foi uma influência decisiva, por exemplo, em Darcy Ribeiro. Das notas de suas leituras das obras originais desses pensadores, o Prof. Dalmo Amorim busca a construção de um novo modelo, ao menos para o nível universitário, que carregue consigo os avanços desses cerca de cem anos de ensino superior. A construção de um modelo realmente progressista para a educação superior no Brasil, em que a qualidade da formação esteja acima dos interesses restritos, passa pela retomada da crítica que todos esses pensadores fizeram aos modelos - isto é, conceitos, práticas e estruturas - prévios de educação.