Esse pequeno livro, em sua pseudo-singeleza, guarda, para revelar, essências simbólicas identitárias marcantes, abrindo caminho para que outros artistas exponham suas letras ao público, com a coragem de quem vê nas letras das canções, não um corpo morto, mas uma entidade gráfica, fônica, morfológica, sintática e semântica que também tem sua autonomia – e sua graça -, dividindo-a, com a melodia e com a performance. Sem dúvida, ouvir as composições em sua forma máxima, quando a letra se embala nas ondas da melodia e explode na performance do cantor-compositor, dá ao ouvinte-expectador prazer de amplitude maior. Mas apresentar a parte gráfica enquanto “corpus” independente, além de demonstrar ousadia, aponta para a intenção do autor de apresentar seu trabalho na criação da letra enquanto um poema dedicado àquelas pessoas, sentimentos e lugares que quer homenagear. Esse livro é, portanto, em uma amplitude de arte independente, uma declaração de amor ao lugar do poeta-letrista.