Este livro não pretende ser um investimento histórico ou mesmo filológico. O autor quer mostrar como a obra de Nietzsche, voltando-se para o legado grego, restitui a cena (trágica) daquela origem, conectando-a com a decadência do espírito trágico. E ele faz isso pondo em cena a ambígua relação de Nietzsche com Sócrates, concebido inicialmente como o grande consumador dessa decadência. Segundo o autor, a origem do Ocidente lançou-o numa aventura guiada pela hybris da razão, sua desmedida ilusão de servir de medida, não só para si, mas para a própria vida. O Sócrates da maiêutica não quer apenas convencer seu interlocutor, mas vencê-lo pelo raciocínio. Nietzsche, todavia, apresenta também um Sócrates musicante, que deixa entrever uma outra verdade: a razão não será divina, se não souber dançar. E este livro ensina a crer nessa verdade, pela própria habilidade hermenêutica do trabalho de seu autor. Cada povo e cada época lançam um olhar próprio à Grécia. Existe a Grécia heróica [...]