A cidade de Salvador há muito vem sendo objeto privilegiado de estudos. Entretanto, a cidade que se tem investigado não é a Salvador contemporânea, característica das abordagens geográficas e sociológicas, nem a cidade do século XIX, marco da produção historiográfica baiana dos últimos vinte/trinta anos, mas a cidade colonial cujo apogeu político e econômico-administrativo foi alcançado no decorrer do século XVIII.O que desperta o interesse neste livro é a possibilidade de aprofundar a compreensão do papel estratégico da cidade e, de modo especial, da sua dinâmica interna e das relações entre os seus corpos sociais, as instituições políticas locais e as funções econômicas que desempenhou no contexto global da estrutura colonial. Para isso, tomou-se como foco de análise o Senado da Câmara na tentativa de observar os mecanismos operantes da lógica do poder local na cidade a partir de uma de suas instituições político-administrativas basilares.As câmaras, enquanto poderes locais citadinos foram, durante quase três séculos, os únicos organismos responsáveis pelo funcionamento administrativo das cidades e vilas do Império português, mantendo, por conta disto, uma relação permanente de diretividade, mediação e troca com instâncias superiores do Estado e com a população local.