As palestras e artigos coligidos em As Artes Menores e outros ensaios foram originalmente apresentados ou publicados entre 1877 e 1894. No seu conjunto, estes textos oferecem ao leitor uma amostra da profunda relação entre as idéias políticas e estéticas de William Morris. Observador atento das condições de existência impostas pelo avanço do capitalismo industrial nas cidades inglesas, Morris criticou uma ordem econômica fundada no trabalho duplamente alienado: alienado da sua utilidade social pelo circuito auto-referencial do capital e alienado do prazer humano em moldar a matéria para produzir beleza. Expropriados da sua própria vida pelo novo modo de produção, restava aos seres humanos reavê-la depois sob a forma de mercadorias adulteradas - um processo que a sociedade de consumo não deixou de aperfeiçoar, desde então, a cada ganho de produtividade. A persistência das contradições e problemas diagnosticados por Morris, designadamente o avanço na destruição dos ecossistemas e na mercantilização de cada instante da existência, permite-nos entender melhor a sua defesa da arte como prática social capaz de libertar o trabalho.