Zélia Citeli é uma poeta singular, que escreve poemas que traduzem sua vida, sua história, suas convicções, medos, alegrias, esperanças. No entanto, se inscreve numa longa linhagem de mulheres que romperam as fronteiras do território tradicionalmente masculino da poesia. Seus poemas dialogam com aqueles da sua mestra Cora Coralina (ouvimos, em vários dos textos, a forte voz de Cora ecoando nas palavras de Zélia). A relação com o cotidiano, a observação aguda, sensível e bem humorada de personagens de sua cidade, de episódios familiares, de eventos comuns a qualquer cidadão brasileiro, fazem dos poemas de Zélia também uma conversa com Adélia Prado e sua religiosidade e perspicácia mineiras. Embora carregue essa tradição feminina, Zélia Citeli encontrou uma dicção única para se expressar. Segundo ela, os poemas nasceram de uma necessidade quase incontrolável de narrar a si e ao mundo. Zélia escreve poemas-remédios, que em sua simplicidade trazem à alma o ar, o sol, o verde das árvores, o amor à família, à terra, à cidade natal e suas peculiaridades.