A CARAMBAIA lança no Brasil uma nova tradução de Arquipélago Gulag, de Aleksandr Soljenítsyn (1918-2008), 46 anos depois de ser publicado na França num contexto de disputa política internacional. À época, suas qualidades literárias ficaram obscurecidas pelo vigor da denúncia da cruel realidade da rede de prisões políticas na União Soviética. A força da narrativa, que se baseia em parte na experiência do próprio autor, não seria a mesma sem a estrutura encontrada para torná-la ao mesmo tempo um relato memorialístico, uma história dos subterrâneos da Revolução Russa e uma reflexão filosófica, espiritual e política. Em resumo, uma obra que faz jus a seu subtítulo: Um experimento de investigação artística. Aos achados formais, como observa no posfácio o historiador Daniel Aarão Reis, somam-se as variações de acento, de ênfase e de humor que transitam, quase sem solução de continuidade, entre sarcasmo e piedade, entre a quente indignação e a ironia fina