Ao se problematizar a questão das identidades surdas, precisamos toma-las imperativamente em seu caráter histórico, uma vez que constitui e é constituída por uma história pessoal, numa trama sócio-histórica e cultural em que se articulam os diversos personagens que se conservam ou se sucedem, coexistem ou se alternam, nos modos de produção dessas identidades. Nesse cenário, analisar o processo de formação dessas identidades significa reconhece-las como uma articulação entre igualdades e diferenças reconhecidas ou estabelecidas nas histórias dos sujeitos. Por sua vez, o desvelamento dessas articulações entre igualdade e diferença revela um processo de pressuposição das formas de ser e dos papéis sociais a serem vivenciados por si, que tem grande participação da família e da escola em seus processos de construção de sentidos sobre a surdez. Essas pressuposições se tornam reais na história de vida dos surdos à medida que a Língua de Sinais oportuniza a descoberta de uma nova forma de ver, interpretar e agir no mundo, possibilitando a metamorfose de sua consciência de si, e de si no mundo. A identidade surda vivenciada como metamorfose na vida desses sujeitos é, pois, uma articulação entre a Língua de Sinais, os Surdos e a Surdez, vivenciada como uma experiência visual, que por sua vez favorecem a transformação de sua consciência e de suas atividades nas tramas dessa malha social, que continua estabelecendo igualdade e demarcando diferenças.