No primeiro dos ensaios reunidos neste livro, 'Não se deve confiar nas aparências', Joyce - quando muito jovem - reserva ao olho o papel de única exceção a essa máxima, apontando que ele "nos revela a culpa e a inocência, os vícios e as virtudes da alma". Esse texto já sugere aspectos fundamentais da obra e da vida do escritor, desenvolvida a partir de elementos como a culpa e o vício, a inocência e a virtude. De modo análogo ao olho por ele distinguido, seu olhar sobre a Irlanda, a vida e a arte desvela, em sua superfície os fundamentos do autor, lançando luz sobre sua obra ficcional e poética. Com este livro - organizado por destacados joycianos brasileiros que acumulam a incansável dedicação à tarefa de (bem) traduzir - Joyce parece estar mais presente, mais vivo entre nós, embora fôssemos, já, privilegiados pela existência de múltiplas traduções de sua ficção. Nestes ensaios os aspectos políticos de sua obra tornam-se evidentes; a visão crítica do escritor se mostra afiada; a teoria estética apresentada - depois ressurgida em sua ficção - revela que arte e vida confundem-se num mesmo todo; são identificáveis temas, imagens, palavras, polêmicas que integrariam Ulysses, prenunciando-se, o "projeto" configurado pela obra ficcional de Joyce.// Quase desconsiderados no último sésulo, os escritos deste livro podem ajudar a revelar o Joyce "ilícito" do pós-modernismo e a compreender a revolução estética e política produzidas por Ulysses e Finnegans Wake.