Toda pessoa carrega em si o potencial para libertar sua mente do sofrimento e da ignorância, bem como para promover o bem-estar próprio e de outros. A partir desse princípio, Matthieu Ricard conhecido pela imprensa internacional como o homem mais feliz do mundo escreveu o livro A arte de meditar, um guia claro para os primeiros passos na meditação. A palavra meditar pode ser definida de muitas formas. O termo sânscrito correspondente é bhavana, que significa cultivar. No idioma tibetano escreve-se gom, que quer dizer familiarizar-se. Para o autor, meditar é um treinamento que busca a transformação do indivíduo e a consequente transformação do mundo. Trata-se de familiarizar-se com uma nova visão da realidade e de cultivar algumas qualidades em estado latente. Mesmo em curto prazo, a prática tem efeitos comprovados na diminuição do estresse, da ansiedade e tendência à raiva, além de amenizar o risco de recaídas em pessoas que sofreram de depressão. Pesquisas de universidades como as de Princeton, Berkeley e Harvard, nos Estados Unidos, mostram que oito semanas de meditação reforçam o sistema imunológico, as emoções positivas e a faculdade de atenção, além de reduzir a hipertensão e a acelerar a cura da psoríase. Para começar, é preciso encontrar aqueles 30 minutos diários que estão sempre em falta. O praticante também precisa desejar a transformação, ter entusiasmo e perseverança no treinamento. O leitor que se encaixe nesse perfil encontrará grande auxílio nas palavras de Ricard, que busca exemplos em histórias budistas e inspiração em mestres como o Dalai Lama e Yongey Mingyour Rinpotché. Na qualidade de guia qualificado, o autor fala sobre locais propícios para meditar, posturas adequadas como a vajrasana (postura do diamante) ou a sukhasana (postura feliz) , a frequência e os temas que merecem atenção durante o exercício. A mente pode se voltar ao valor da vida humana, sua natureza transitória e à insatisfação em muitas situações da existência. Pode, inclusive, concentrar-se na contemplação de uma pedra ou numa flor. À medida que a natureza da mente se tornar familiar e os pensamentos menos turbulentos, o praticante vai progredir no caminho da liberdade interior. Segundo Ricard, isso significa estar livre dos condicionamentos mentais e conflitos internos. Significa também entrar em contato com o mais profundo do ser, através de sentimentos como amor altruísta, compaixão e alegria diante da felicidade alheia. Afinal, a meditação permite dar à vida um sentido mais nobre